A Maternidade e a Saúde Mental
Por Ketma Dos Santos Armondes Belmiro
A maternidade é considerada, pela sociedade, algo natural e instintivo. Agimos e pensamos como se o mundo fosse estático, como se nada tivesse mudado e por isso concluímos que naturalmente seremos mãe e daremos conta de tudo – Assim como minha mãe foi mãe, instintivamente, vou ser mãe e no final vai dar tudo certo.
Como vou ser mãe igual à minha mãe se nada é como era? Como vou fazer e resolver problemas da mesma maneira que minha mãe, se os problemas são outros? Tem quem fale que é absurdo as escolas de pais, falas como: “Meus pais não precisaram, porque eu preciso?”
Há aquelas que já pensam ao contrário, pensam que a maternidade tem grandes segredos que não foram revelados e por isso, conclui que não tem a capacidade, informação e ferramentas necessárias para ser mãe. Tais conclusões não poderiam ser mais precipitadas do que isso. Ou seja, há vários pensamentos em torno da maternidade que podem trazer consequências desagradáveis, pois tais pensamentos, além de não serem reais, são opressivos e ilusórios.
A estrada que todas irão percorrer, serão estradas únicas de desafios diferentes, com iluminações diferentes. Coisas que enxergo, outros não enxergam, pedras que tem no meu caminho não tem no caminho do outro, até a textura da areia é diferente, meus passos são maiores, mas o ritmo é menor. Quase nada é possível de se comparar.
Por isso é um mundo que estamos constantemente explorando cuidadosamente e aprendendo, porque não estamos só transmitindo informação para a criança. Estamos participando ativamente da construção da sua identidade e lugar no mundo. Assim a reação do meu filho é diferente da reação da do meu vizinho.
Não estamos modelando uma massinha, que não reage aos meus movimentos. Cada movimento que faço tem vida, porque tem a reação e a internalização da criança diante daquilo. educar, ser mãe, não é passivo. e por isso exige. Não reconhecer a complexidade do papel materno dificulta a mãe em reconhecer seus esforços e realizações. Em suma, vários fatores como: crenças, cultura, história familiar entre outros, podem afetar a saúde mental na maternidade, vamos expor aqui alguns desses fatores.
- Maternidade não planejada
- Fatores econômicos como pobreza, desemprego e organização financeira
- Histórico familiar, traumas na infância.
- Suporte social inadequado, baixo apoio familiar e social, exposição à violência doméstica e sexual
- Estilo de vida, o uso de drogas, a falta de autocuidado e de hobbies
- Excessos de responsabilidades
- Situações de Urgências e Emergências como pandemia, desastres naturais guerras etc
Ou seja, situações que aumentam sentimentos de vulnerabilidade da mãe, que desconsidera seu contexto socioeconômico e que enterra sua autoestima. Além da constante tentativa de corresponder às idealizações românticas impostas pela sociedade e dar conta de todas as funções e solicitações sem colocar limites no outro ou até nela mesma.
Esses fatores citados acima, não afetam a sua capacidade de ser um bom pai ou uma boa mãe. Eles afetam a construção das suas idealizações e em consequência o quanto você acredita ser. Diante do cenário interno cheio de crenças que despotencializa, mesmos tendo recursos internos presentes e das circunstâncias externas que contribuem de maneira negativa, as dores emocionais vão se agravando. Com isso a capacidade em regular suas emoções também vão se deteriorando
Daí a importância de trabalharmos a saúde de maneira amplificada, visando uma mudança social no cuidado com a mulher que tem excesso de papéis indiscutivelmente acumulados e ampliados quando se torna mãe.
- Convocando o outro para um lugar de ação com responsabilidades tão importantes quanto as da mãe.
- Sair ativamente deste lugar de solidão e buscar ajuda no coletivo.
- Valorizar cada conquista e cuidado que realiza com seus filhos.
- Perdoe-se pelos erros e foque nas buscas de como resolver as situações mais complexas.
- relacionar-se, construir um contexto de amor e solidariedade
- compartilhar as dores e inseguranças em seguida compartilhar as superações.
- Buscar informações de todos os tipos, ajuda financeira, estilos parentais na educação, desenvolvimento pessoal.
- Abrir mão. Em algum lugar não vamos conseguir a perfeição e a completude.
- Casos extremos, como violência e situações de vulnerabilidade, por vezes não conseguimos resolver sozinhos. Busque ajuda.
- Cuide de si, para se fortalecer e poder cuidar do outro.
- Excessos. De trabalho, de cobrança, de ritmo, de compromissos, etc.
No mundo atual, o desafio é equilíbrio e autocuidado. Equilíbrio com tudo que desejamos fazer, já que adicionaremos mais um papel, dentre vários que já exerciam, a maternidade. E tudo tem que ser no tempo adequado, em um ritmo saudável. Com a esperança de que nada é para sempre, então precisamos concentrar-nos em usufruir o tempo presente, pois as fases não voltam.